A atividade física é um excelente meio de combater a artrite reumatoide, doença crônica de natureza autoimune que causa inflamação nas articulações. E uma pesquisa realizada pela Universidade de Leiden, na Holanda, só veio confirmar tal relação benéfica, ao constatar, num estudo que envolveu 575 portadores da enfermidade, que se exercitar de fato melhora a qualidade de vida dessas pessoas.
Noticiado pelo jornal O Vale, o estudo mostrou que treinos de força muscular, associados a exercícios aeróbicos, diminuem a dor nas articulações e ainda aumentam a mobilidade.
Comentando a conclusão da pesquisa holandesa, a coordenadora da Comissão de Artrite Reumatoide da Sociedade Brasileira de Reumatologia (SBR), a reumatologista Licia Maria Henrique da Mota, confirma que pessoas acometidas pela doença não só podem como devem fazer atividade física, sobretudo para a manutenção do condicionamento cardiovascular. “O exercício também é importante para manter o fortalecimento da musculatura como um todo, pois os músculos dão sustentação às articulações”, enfatiza.
Entretanto, muitos pacientes não praticam exercícios por razões como idade, limitações físicas, dores ou, acredite, receio de sofrer lesões nas articulações, como informou outra reportagem desta semana, veiculada no Portal Fator Brasil. O problema, diz o texto, está na falta de conhecimento desses indivíduos sobre os benefícios da atividade física na artrite reumatoide, o que termina por afastá-los do movimento e levá-los à inatividade.
Essa postura, porém, não se fundamenta apenas no receio dos pacientes, mas em antigas condutas médicas. Segundo Licia, a ideia de que os indivíduos com artrite reumatoide deviam ficar inativos, até em repouso, data da década de 50, quando as pessoas eram muitas vezes até hospitalizadas. “Nos últimos 30 anos, porém, a visão mudou completamente e a recomendação expressa dos médicos é mesmo a de fazer exercícios, desde que eles não sejam exaustivos nem causem impacto”, sublinha a reumatologista, acrescentando que o repouso só está indicado nos períodos de atividade da doença, ou seja, quando a inflamação se exacerba, com consequente aumento de dor e inchaço articular.
Por essa razão, o caminho mais adequado, para a segurança do paciente, é que o reumatologista, o fisioterapeuta e o educador físico atuem em conjunto, propondo o melhor programa de atividades para cada momento da doença, considerando o nível de condicionamento prévio do indivíduo e a atividade da artrite reumatoide. “Isso é necessário porque, se os exercícios não forem feitos de forma adequada, a possibilidade de lesão às articulações realmente existe”, assinala Licia. Tomado esse cuidado, ninguém precisa ter medo de se exercitar.