Em reportagem deste mês sobre saúde de mulheres após os 40 anos, o Guia da Farmácia aborda o que seria uma alternativa à reposição hormonal tradicional. Trata-se dos chamados fito-hormônios, substâncias derivadas de plantas medicinais que teriam resultados semelhantes ao tratamento com estrogênio ou progesterona, ingeridos pelas mulheres particularmente a partir da menopausa.
Plantas como a soja e a linhaça são apontadas como algumas das que possuem propriedades de reposição hormonal, cujos benefícios incluiriam aumento da massa óssea, o que as tornaria preventivas da osteoporose, doença que enfraquece os ossos. Entretanto, quem for a um reumatologista com a ideia de falar em fito-hormônios como opção de tratamento vai ouvir uma negativa, já que, segundo Vera Lucia Szejnfeld, reumatologista e membro da Comissão de Osteoporose da SBR, essas substâncias não são sequer consideradas como forma de tratamento da osteoporose pela falta de comprovação científica de seus benefícios.
Vera Lucia conta que, de fato, alguns estudos epidemiológicos realizados em mulheres asiáticas que consomem típicas dietas ricas em fitoestrogênios sugerem que estes tenham efeito benéfico sobre o esqueleto. Mas os resultados dos estudos clínicos controlados são controvertidos e não confirmam tal ação sobre a massa óssea, tanto na pré-menopausa como na pós-menopausa. “Embora as mulheres ocidentais continuem a ingerir alimentos ricos em soja e suplementos com o grão, os dados publicados são inconsistentes e não provam a eficácia dessa alternativa sobre a perda de massa óssea”, sublinha a médica.
O fato é que, na lista de medicações usadas no mundo contra a osteoporose, não há nenhuma menção a fito-hormônios, diz Vera Lucia. Além disso, continua, o uso de tais substâncias não é aprovado por nenhum órgão regulador, a exemplo da Anvisa, no Brasil, e da FDA, nos EUA. Então, no que se refere à reposição hormonal, uma das formas de tratamento da doença, o caminho é a ingestão de estrogênio e progesterona, “estes, sim, com benefícios mais do que comprovados por estudos científicos”, salienta a reumatologista.