Osteoartrite (ou osteoartrose) foi o tema de reportagem publicada pelo jornal Gazeta do Povo, do Paraná, cujo foco principal foi a realização de cirurgias para substituir articulações. Diz o texto que tem sido alto o número dessas intervenções e há algumas opiniões profissionais de que a baixa qualidade de vida dos pacientes (que acabam tendo dificuldade para tarefas cotidianas, como amarrar os sapatos) é que os leva a optar com muita frequência por esse procedimento.
Antes de enfocar esse tema especificamente, é importante falar em mais detalhes sobre essa doença. Segundo um dos membros da Comissão de Osteoartrite da SBR, o reumatologista Francisco Airton Castro da Rocha, a osteoartrite acomete as juntas, particularmente em pessoas acima de 60 anos de idade e é o nome técnico da antigamente chamada osteoartrose. “A mudança de nome, embora sutil, é para refletir que é uma doença com aspecto inflamatório e não puro resultado de desgaste ou degeneração”, explica Rocha, ressaltando que não há causas definidas, mas fatores de risco, como sobrepeso, atividades de sobrecarga das juntas e traumas prévios.
Rocha explica ainda que, como quase todas as doenças que os seres humanos têm (ex. hipertensão, diabetes, asma, cabelo branco, calvície, miopia), a osteoartrite não tem cura. Mas tem tratamento. Falando agora especificamente sobre a cirurgia de substituição de articulações, Rocha explica que o nome técnico é artroplastia. E trata-se de uma cirurgia para colocar uma prótese, substituindo uma articulação que já não cumpre sua função e causa grande sofrimento.
A duração dessas articulações artificiais, segundo o reumatologista, não está definida para as novas próteses, que melhoraram bastante, mas, em média, é de no mínimo dez anos. “Tenho pacientes com mais de 15 anos que puseram e estão sem problemas”, informa Rocha. Sobre o que levanta a reportagem do Gazeta do Povo, sobre o alto número de ocorrência desse procedimento, Rocha diz que, quando necessário, deve mesmo ser indicado, pois pode melhorar muito a qualidade de vida do paciente.
“O aumento do número de procedimentos é por várias razões: mais segurança na cirurgia, maior longevidade, melhor controle pós-operatório, maior necessidade de autonomia pelos pacientes, mais treinamento e mais instituições à disposição”, explica.
Rocha cita David Felson , pesquisador de Boston e um dos citados na reportagem: “É um cientista sério e concordo com ele quando diz que a prótese de quadril geralmente dá mais alívio e mais funcionalidade ao paciente”, diz, lamentando não haver ainda estudos bem conduzidos sobre esses resultados no Brasil. Rocha salienta que, quando tem sucesso, a cirurgia resulta em zero dor, com o paciente se movimentando normalmente. E isso ocorre em várias situações. “Eu sou insuspeito para falar, posto que não sou cirurgião e o que posso dizer é que indico com muita cautela, pois há riscos no procedimento per se, além da possibilidade de insucesso”, ressalta.
Jornalista Responsável: Maria Teresa Marques