Milenarmente consumido, o vinho já provou que pode favorecer muitos aspectos da saúde humana, tanto que a recomendação médica mundial é consumir um cálice por refeição. E, enfocando particularmente o vinho tinto, a revista Ana Maria do mês de agosto publicou uma reportagem que cita os benefícios advindos do consumo da bebida, incluindo o aumento da densidade óssea. Nesse sentido, o reumatologista Marco Rocha Loures, membro da comissão de Doenças Osteometabólicas e Osteoporose da Sociedade Brasileira de Reumatologia (SBR), conta que, de fato, alguns estudos demonstram uma ação benéfica do vinho na estrutura óssea, mas ressalta que é necessário realizar outros testes para a melhor comprovação desse efeito. O benefício, segundo Loures, decorre de uma substância com propriedades anti-inflamatórias e antioxidantes. “Trata-se do resveratrol, que é encontrado naturalmente na uva e nos vinhos tintos e impede a reabsorção, ou perda, de cálcio pelos ossos”, assinala. A boa notícia é que os vinhos brasileiros são ricos em resveratrol, algo que estudos já comprovaram, diz o reumatologista. “Grande parte da produção nacional provém da Serra Gaúcha, onde, durante a vindima, o clima costuma ser quente e úmido e, portanto, favorável ao desenvolvimento de fungos – um forte estímulo para a planta produzir resveratrol”, sublinha. Mas esse composto, de acordo com Loures, é apenas um “astro numa constelação”. Isso porque existem, no vinho, cerca de 200 diferentes polifenóis, substâncias encontradas em várias plantas e frutas, todas elas com um potencial de ações favoráveis para a saúde, “algumas com um possível efeito até maior que o resveratrol”, destaca o médico. E não é só isso. No vinho, há cerca de mil substâncias conhecidas, com efeitos muito interessantes para o organismo, tais como aminoácidos, proteínas, enzimas, vitaminas, principalmente as do complexo B, e álcool, enumera o reumatologista. “O mais importante é que todos esses componentes convivem numa harmonia esplendorosa, como não se vê em nenhuma outra bebida e em nenhum outro alimento”, observa. Quanto ao nível de consumo, Loures confirma a cota de um cálice por refeição, conforme a recomendação médica mundial, que, no entanto, não se aplica a todos os públicos. Crianças nunca devem ingerir nenhuma bebida alcoólica, alerta. Na gravidez, o produto também não é aconselhável, visto que o álcool atravessa a barreira placentária e acaba afetando o feto. Por sua vez, os idosos que usarem medicamentos como anti-hipertensivos, anticoagulantes ou vasodilatadores devem ser monitorados por seus médicos para que possam tomar vinho. “Já aqueles que não usam nenhuma medicação seguem o consumo da população geral”, diz.
Compartilhe esse conteúdo