Dor na coluna pode ser sinal de reumatismo, afirmou recentemente uma reportagem do Jornal da Liberdade, que se referiu particularmente a dores lombares que se estendem aos membros inferiores, problema chamado de espondiloartrite. Segundo o texto, a condição atinge mais os homens com idade inferior a 40 anos, piora com o repouso e melhora com a atividade física.
Comentando o assunto, o reumatologista e coordenador da Comissão de Coluna Vertebral da Sociedade Brasileira de Reumatologia (SBR), Marcos Renato Assis, esclarece, em primeiro lugar, que as dores na coluna são muito frequentes e têm mais de 70 causas, mobilizando várias especialidades médicas clínicas e cirúrgicas. Muitas dessas causas, ressalta, de fato são contempladas dentro da Reumatologia para diagnóstico e tratamento.
Algumas dores têm origem predominantemente biomecânica; outras, infecciosa; e outras, ainda, inflamatória autoimune, como é o caso das espondiloartrites, que, segundo Assis, decorrem da inflamação das vértebras e ligamentos da coluna devido a um processo autoimune – no qual o sistema imunológico passa a se voltar contra tecidos e órgãos do próprio corpo. Assis acha importante ressaltar que, de modo geral, as dores lombares fazem parte da prática reumatológica, e não apenas aquelas de características inflamatórias, embora essas, em especial, sejam da seara do reumatologista, que deve ser procurado para diagnóstico e tratamento.
Contudo, o médico conta que muitos dos pacientes com espondiloartrite têm seu diagnóstico retardado, levando até vários anos para ser devidamente investigados, encaminhados e tratados. “Isso causa sofrimento com dores crônicas e surgimento de graves deformidades, que limitam atividades diárias”, assinala o reumatologista, salientando que essa inflamação, iniciada na junção de ligamentos com o osso, tende a evoluir com calcificação e perda de movimentos num processo habitualmente lento e crônico.
A suspeita quanto a uma doença reumática, continua ele, deve existir quando se identifica a dor lombar de padrão inflamatório, que melhora ao longo do dia com a movimentação e que está presente quando o indivíduo acorda pela manhã ou desperta no meio da noite. “Frequentemente a dor acomete as nádegas, muitas vezes alternando os lados, dura vários dias e costuma melhorar bastante com anti-inflamatórios, o que também pode colaborar para que a pessoa retarde a procura pelo especialista e receba seu diagnóstico”, assinala Assis.
Atualmente existem medicamentos para um bom controle da inflamação, os quais proporcionam, de acordo com o reumatologista, enorme alívio para esse sofrimento. Da mesma forma, os exercícios físicos regulares há vários anos continuam sendo um importante recurso terapêutico, que oferece vários efeitos positivos, inclusive evitando a ocorrência de deformidades e incapacidades.
Jornalista responsável: Maria Teresa Marques