Um dos meios mais simples e baratos para prevenir fraturas em idosos tem sido a bengala, cuja função é contribuir para a mobilidade mais segura e facilitar a vida cotidiana. E o uso da bengala foi tema de reportagem veiculada no jornal Gazeta do Povo, do Paraná, cujo texto enaltece os benefícios, mas ressalta que nem sempre é fácil convencer um idoso a usá-la, pois muitas vezes ela é associada à ideia de incapacidade física. Diante da importância desse recurso facilitador de mobilidade, é importante esclarecer alguns aspectos para orientar a escolha da bengala mais adequada a cada idoso.
O reumatologista Ricardo Fuller, membro da Comissão de Osteoartrite da SBR, explica de início que as bengalas são classificadas como “meios auxiliares de locomoção”, que incluem três tipos de acessórios: bengalas, muletas e andadores. Todos se prestam a facilitar a locomoção do paciente. “Esses dispositivos melhoram o equilíbrio e fornecem uma forma de compensar as deficiências de força e agilidade, melhorando a segurança ao caminhar, reduzindo o risco de quedas e o agravamento das condições de saúde que estão dificultando a locomoção”, esclarece Fuller, ressaltando que as bengalas e os demais dispositivos, quando bem utilizados, melhoram a dor, o desempenho da marcha e conferem maior autonomia para o indivíduo.
Segundo Fuller, as bengalas cumprem essas funções porque diminuem a carga nos membros inferiores em até 20% do peso do indivíduo e aumentam a base de apoio, além de servir como uma espécie de “rastreador” do meio ambiente.
O momento de aderir
O momento para a indicação de uma bengala, explica Fuller, deve ser definido por um médico ou fisioterapeuta e ocorre quando o paciente apresenta limitações ou dor quando caminha, perda do equilíbrio e quedas frequentes. Outro aspecto importante, para a indicação de bengalas, diz o reumatologista, é a limitação que o paciente passa a ter para a sua livre locomoção, causando prejuízo para as atividades do seu dia-a-dia. “Dessa maneira , ele passa a ficar mais tempo sentado ou deitado, piorando a força muscular, o equilíbrio e agravando a dificuldade para caminhar”, esclarece, ressaltando que, adicionalmente, o indivíduo que se locomove menos tem menor gasto energético, podendo aumentar de peso, o que piora suas limitações, num círculo vicioso.
Fuller afirma que, de fato, muitos pacientes relutam para iniciar o uso das bengalas, pois acham que isso atrapalhará sua marcha. “Na verdade, isso ocorre apenas quando a bengala não é adequada e sua prescrição e utilização não são feitas de forma correta”, salienta, recomendando que o paciente seja ensinado quanto ao uso correto e apenas com o treino vai ocorrer a familiarização, num processo que pode levar até dois meses, segundo dados de uma pesquisa nacional.
Para conseguir um bom resultado na adoção da bengala, Fuller explica o que é importante considerar para que o uso seja feito de forma correta: cotovelos devem estar flexionados entre 20 e 30 graus A altura deve ser regulada a partir do posicionamento do cotovelo, com a ponta da bengala colocada aproximadamente a 15 a 20 cm da face lateral do pé Geralmente, a bengala deve ser usada no lado oposto ao do problema principal dos membros inferiores O paciente deve mover a bengala junto com o membro inferior do lado oposto Os ombros devem permanecer nivelados
A escolha
Após a decisão pelo uso da bengala, vem a escolha do tipo. E aqui é importante saber quantos tipos existem e o que cada um pode oferecer ao idoso. Fuller esclarece então esses tipos em detalhes: Com empunhadeira curva ou em C: até pouco tempo, uma das mais utilizadas, porém o posicionamento da mão e a dinâmica de cargas que ela proporciona não são as ideais. Com empunhadeira funcional: tem um encaixe melhor para as mãos e a distribuição de carga ao longo do cano é melhor. Com base alargada: são as bengalas com três ou quatro pontos de apoio. Permitem maior estabilidade, mas reduzem a velocidade da marcha. Com apoio para antebraço (incorretamente denominadas de “bengalas canadenses”). Proporcionam melhor apoio do membro superior. Em virtude de a bengala modificar o processo da marcha, esclarece ainda Fuller, ela somente deve ser utilizada quando já houver limitações detectáveis e que não melhoraram com os demais tratamentos (tanto uso de medicação, quanto procedimentos fisioterápicos e exercícios). E a indicação e as instruções de uso devem ser feitas por médicos, fisioterapeutas ou terapeutas ocupacionais, ressalta o reumatologista. Jornalista Responsável: Maria Teresa Marques