A ingestão de cálcio foi, por muito tempo, citada como a grande responsável pelo combate à osteoporose, doença que fragiliza os ossos e abre riscos de fratura. Mas agora se sabe que há um outro aliado nessa batalha, presente no azeite de oliva extravirgem e na azeitona. Trata-se da oleuropeína, que foi alvo de um estudo da Universidade de Córdoba, na Espanha, cujo resultado revelou que essa substância aumenta a quantidade de osteoblastos, justamente as células que fabricam ossos novos e que, em pessoas mais idosas, têm produtividade reduzida.
Conforme explica a reumatologista Vera Lúcia Szejnfeld, membro da Comissão de Osteoporose da Sociedade Brasileira de Reumatologia (SBR), a azeitona tem alto teor de ácidos graxos monoinsaturados e possui diversos minerais em sua composição, como cálcio, fósforo, potássio, magnésio, enxofre e cloro. “E é também rica em polifenóis, substâncias químicas vegetais com fortes propriedades antioxidantes”, adiciona Vera.
A oleuropeína é o principal composto fenólico presente nas folhas e no fruto da oliveira, continua. Ao prevenir oxidações biológicas, os polifenóis, entre os quais a oleuropeína, reduzem a formação de radicais livres. “E são estes que causam dano celular, inclusive aos osteoblastos, tornando-se os grandes vilões do envelhecimento e das doenças crônico-degenerativas, como a osteoporose”, assinala a reumatologista.
A possibilidade de combater a osteoporose ingerindo azeitonas ou utilizando algumas colheres de azeite de oliva parece muito atraente, no entender de Vera. “Mas é importante ressaltar que todos esses estudos foram realizados em animais de laboratório e, até o momento, não há evidências de que isso realmente ocorra em seres humanos”. De qualquer forma, a especialista cita outras pesquisas que mostraram ser a incidência de osteoporose na Europa mais baixa nos países mediterrâneos. “Entre os fatores ambientais que poderiam justificar essa diferença encontra-se a tradicional dieta do Mediterrâneo, rica em frutas e vegetais e associada à alta ingestão de azeitonas e azeite”, sublinha.
Nesses países, estima-se que a ingestão de azeite de oliva varie entre 30 g e 50 g diários por pessoa, ou seja, aproximadamente 1,16 mg de oleuropeína/dia. Contudo, outros fatores podem influenciar o tecido ósseo, como características genéticas, exposição ao sol, atividade física e hábitos de vida. “Por isso, não parece prudente responsabilizar apenas a dieta mediterrânea pelas diferenças de densidade óssea encontradas nas diversas populações”, observa Vera. Mesmo assim, vale a pena acrescentar o azeite e a azeitona ao cardápio. “A ingestão moderada desses alimentos, além de ter ação anti-inflamatória e antioxidante, possivelmente exerce alguma influência sobre o tecido ósseo, aumentando a formação óssea e reduzindo o acúmulo de gorduras na medula”, sustenta a médica.
O único cuidado atende pelo nome de parcimônia no consumo. A principal restrição nutricional do fruto da oliveira decorre de seu método de conservação, que usa salmoura, o que aumenta muito seu teor de sódio. “Por isso, a azeitona deve ser consumida com moderação, principalmente por pacientes hipertensos”, afirma Vera.
A recomendação da reumatologista é comer 50 gramas, ou 10 unidades, por dia. Outro senão está no valor calórico. A cota diária de azeitonas sugerida pela médica tem 110 calorias e uma única colher de sopa de azeite de oliva (10 g) soma 90 calorias. Parece pouco, mas, se uma salada for regada com cinco colheres de sopa de azeite, serão nada menos que 450 calorias a mais numa única refeição. A ideia é boa, porém pede cautela. Provável ação da oleuropeína sobre a célula progenitora presente na medula óssea