Uma pesquisa divulgada na semana passada pela Academia Americana de Cirurgiões Ortopédicos concluiu que alongamentos não previnem lesões durante a prática de exercícios. O estudo, executado pela Universidade George Washington, dividiu cerca de 3 mil atletas, acostumados a correr 16 quilômetros por semana, em dois grupos. Um deles fez alongamentos antes da corrida e o outro não alongou o corpo.
Em ambos, porém, a proporção de indivíduos que sofreu lesões foi da mesma ordem: 16%. Na verdade, a pesquisa acaba por confirmar algo que não é novidade no meio médico, conforme explica o reumatologista Fábio Jennings: “De fato, já se sabe que alongar não evita lesões, mas isso não significa que alongamentos sejam inúteis”. A prática consta de um programa mais completo de exercícios, antes ou depois da atividade física, e não pode ser ignorada, especialmente pelos pacientes reumáticos.
Por outro lado, Jennings observa que alguns aspectos da pesquisa tornam seu resultado apenas parcial. Um deles é ter utilizado somente um grupo específico de atletas – os corredores –, quando seria preciso levar em consideração as necessidades de mais tipos de esportista. O outro é o tempo de acompanhamento dos dois grupos: três meses, o que ele considera “muito curto”.
Além disso, diz o reumatologista, seria mais correto que uma pesquisa como essa envolvesse um programa de exercícios completo, contemplando a avaliação preliminar de três parâmetros indispensáveis: força muscular, condicionamento aeróbico e flexibilidade. “Cada um desses fatores tem maior ou menor importância na indicação do alongamento, dependendo das necessidades da pessoa”, assinala o médico. Se for, por exemplo, um indivíduo que pratica ginástica olímpica, a flexibilidade será muito importante e, consequentemente, o alongamento. Já para alguém que queira fazer exercícios para perder peso, a prioridade deve estar no desenvolvimento da capacidade aeróbica. “Saber as necessidades individuais e distribuí-las entre esses três parâmetros é o caminho para a prescrição de exercícios”, enfatiza Jennings.
Isso é ainda mais relevante para os que sofrem de doenças reumáticas, uma vez que elas limitam gradualmente a amplitude dos movimentos. “Nesses casos, um exame biomecânico revela que partes do esqueleto precisam ser mais trabalhadas”, explica o reumatologista, reiterando que, para esse grupo, os alongamentos são fundamentais. Vale lembrar que a regra clássica para alongar o corpo é fazer três séries de 30 segundos. “Quando ficar desconfortável, não se deve avançar, mas, sim, parar na posição pelos 30 segundos”, orienta o médico, que também não recomenda recorrer à ajuda de terceiros, pelo risco de lesão. “É sempre melhor o alongamento ativo, que a pessoa realiza sozinha”, sublinha.