Uma reportagem publicada recentemente pelo Portal HD informou que existe baixa adesão das mulheres ao tratamento contra a osteoporose, doença que fragiliza os ossos. Metade desiste ainda no primeiro ano, diz o texto, que aponta como principais motivos desse fato a pouca disponibilidade de exames de densitometria óssea na rede pública e o custo do tratamento, que fica em torno de R$ 1,3 mil por paciente ao ano.
A reumatologista e membro da Comissão de Osteoporose da Sociedade Brasileira de Reumatologia (SBR), Vera Lucia Szejnfeld, conta que o dado sobre a desistência de 50% das pacientes é conhecido da área médica e frequentemente relatado em congressos da área. Entretanto, ela esclarece que isso se refere às mulheres que usam bisfosfonatos orais diários. “Quando se utilizam bisfosfonatos mensais ou semanais, cai para 30% a desistência no primeiro ano”, afirma.
Com relação à densitometria óssea, prossegue Vera, não é só a pouca disponibilidade dos exames a razão da baixa adesão, mas a falta de continuidade: “Há estudos que mostraram que as pacientes que têm condições de repetir a densitometria e de ver os números melhorarem aderem melhor ao tratamento, porque o que ocorre na osteoporose é semelhante ao que ocorre com o colesterol ou a glicemia”, compara. Entretanto, há outras razões para a desistência, fora a insuficiência de exames ósseos, como o já mencionado alto custo do tratamento, os efeitos colaterais e a dosagem do medicamento.
Vera diz que devem ainda ser consideradas a educação e a informação que tem a paciente, assim como suas comorbidades – ou seja, a presença de uma ou mais doenças, além da osteoporose, que podem alterar o efeito de interesse no estudo – e outras medicações que ela venha a usar. “Se a pessoa tem muitas comorbidades e utiliza várias outros medicamentos, é claro que a adesão ao tratamento da osteoporose vai ser baixa, pois muitas vezes ela larga a medicação porque o custo é limitante”, entende Vera. Como se não bastasse, lembra a reumatologista, a osteoporose é uma doença silenciosa, que não dói nem acarreta deformidades, o que também leva as pacientes a aderir menos à terapêutica.
Cortisona
A reportagem do Portal HD ainda menciona a cortisona como um medicamento que predispõe à fragilidade óssea. Vera explica que o uso de corticosteroides isoladamente ou para o tratamento de enfermidades reumatológicas, como lúpus e artrite reumatoide, acarreta mesmo o aparecimento da osteoporose. “O corticosteroide tem várias ações sobre o metabolismo ósseo, destacando-se a redução da formação óssea”, assinala a médica.
Qualquer que seja sua causa, no entanto, a osteoporose não tem cura, como, aliás, acontece com várias outras doenças, sublinha Vera. “Mas tem tratamento clínico que controla as possíveis alterações que podem aparecer”, destaca a reumatologista, acrescentando que a prevenção é a melhor terapia, centrada em dieta rica em cálcio, sol e exercícios. “Além disso, a introdução precoce de medicamentos que reduzam a reabsorção óssea ou que aumentem a formação óssea é também muito importante”, arremata.
Jornalista responsável: Maria Teresa Marques