A necessidade de rever os níveis adequados de vitamina D no corpo foi tema de um congresso de Medicina Esportiva realizado em Denver, nos Estados Unidos, no início de junho. A importância dessa vitamina para a estrutura óssea já é bem conhecida e, por isso mesmo, diversos pesquisadores têm dito que é preciso aumentar sua quantidade circulante no corpo, hoje recomendada em 40-70 nanogramas por mililitro (ng/mL).
Mas elevar as doses da vitamina D não é uma providência isenta de riscos, explica a coordenadora da Comissão de Osteoporose da Sociedade Brasileira de Reumatologia (SBR), a reumatologista Rosa Pereira. Ela salienta que valores circulantes acima de 100 ng/mL são considerados tóxicos, podendo levar a um aumento do cálcio no sangue e na urina, o que é capaz de causar, por exemplo, arritmia ou problemas renais. Por outro lado, eventualmente para atletas, diz a médica, principalmente os que praticam esportes em lugares fechados, sem se expor ao sol, talvez fosse adequado atingir níveis maiores, mas sem ultrapassar a quantidade de 100 ng/mL.
De qualquer modo, ela considera o tema “controverso”. Sobre a exposição solar, aliás, Rosa explica que os raios do astro-rei favorecem a síntese de vitamina D na pele, que vai para o fígado e para os rins e, então, torna-se ativa. Assim sendo, quem quase não toma sol teria mesmo mais necessidade de ingerir vitamina D para manter um nível adequado da substância no organismo. Nesses casos, uma suplementação alimentar não seria suficiente para chegar a um nível adequado da vitamina, “até porque os alimentos que a contêm, particularmente peixes como sardinha, salmão e arenque, não estão presentes nas refeições cotidianas das pessoas”, lembra a reumatologista.
Detecção
Do ponto de vista prático, a coordenadora da Comissão de Osteoporose da SBR esclarece que um estado de deficiência de vitamina D só é caracterizado diante de níveis circulantes da substância abaixo de 30 ng/mL. Então, diz ela, valores acima de 30 ng/mL já seriam adequados, e não necessariamente teriam de estar entre 40 e 70 ng/mL, como citam os dados do congresso de Denver. “Poderia haver uma exceção, como as pessoas jovens e saudáveis que, segundo alguns trabalhos realizados, parecem poder viver muito bem com 20 ng/mL”, adiciona.
Para ter uma quantidade adequada de vitamina D circulando, a dose diária recomendada vai depender do paciente. Em idosos, recomenda-se de 800-1.000 unidades internacionais (UI), porém Rosa ressalta que não há um padrão. O importante é analisar caso a caso e, antes de tudo, medir a substância por exames de sangue para, se for o caso, repor o que falta. Como a exposição ao sol é determinante para a síntese dessa vitamina na pele, se o paciente morar, por exemplo, em um país onde há longos períodos de inverno, pode-se considerar que ele vai precisar de reposição suplementar.
A reumatologista ressalta ainda que o estoque de vitamina D necessário não é reposto com rapidez. “Pode demorar semanas ou alguns meses”, observa. “Assim, uma nova dosagem de vitamina D deve ser feita após pelo menos três meses desde o início da suplementação”, recomenda.