A prática de correr é uma das mais comuns entre aqueles que se dedicam a uma atividade física, mas nem sempre merece os cuidados necessários. É o que enfatiza uma reportagem publicada neste mês na revista SportLife, chamando a atenção para o que se deve levar em consideração quando se escolhe a corrida como exercício.
A começar dos alongamentos: eles são mesmo obrigatórios antes de iniciar a prática? Segundo o reumatologista Fabio Jennings, do Comitê de Reabilitação da Sociedade Brasileira de Reumatologia (SBR), não há obrigatoriedade na realização desses exercícios. E estudos já demonstraram isso, diz. “O importante é incluí-los na rotina dos treinos para a corrida, ou seja, de exercícios de fortalecimento e alongamentos”, explica Jennings, enfatizando que, na corrida, em si, o que importa é o aquecimento, que pode ser feito com uma caminhada mais rápida ou com um trote leve antes de aumentar o ritmo.
No texto publicado, há ainda menção a um “teste da pisada”, um método que, de acordo com o reumatologista, avalia como o pé se comporta durante o período em que toca o solo, desde o amortecimento com o calcanhar até o impulso com sua parte anterior.
O teste pode ser realizado visualmente por um profissional habilitado ou por meio de plataformas de força, que são dispositivos colocados no chão para analisar as pressões durante as passadas. Para um estudo mais detalhado, adiciona Jennings, também se pode filmar a corrida e depois avaliar a pisada do corredor por meio de softwares específicos.
A avaliação de como o pé toca o solo permite fazer correções técnicas para melhorar a performance do indivíduo e prevenir lesões. Neste último caso, porém, merece destaque especial o tipo de tênis utilizado. “Convém ouvir um profissional da área, antes de iniciar um treino de corridas, para receber uma boa orientação nesse sentido, uma vez que o uso de calçado inadequado é um dos fatores externos mais implicados em lesões de sobrecarga em membros inferiores”, avisa o reumatologista.
Quanto à intensidade e ao ritmo da corrida, diz a reportagem que o ideal são 180 passadas por minuto, mas esse número é controverso e relativo, pois varia conforme a pessoa, pondera o médico. “Sabe-se, contudo, que o ritmo da corrida é importante e pode influenciar futuras lesões”, prossegue. Assim, também nesse capítulo faz-se necessária a avaliação de um profissional especializado para determinar o que é ideal.
Contusões
No caso de haver alguma contusão ou lesão, a reportagem levanta os riscos do comum tratamento que envolve o método “quente/frio”. Jennings explica que não há estudos que determinem bem os efeitos benéficos desse choque térmico, “mas o que se recomenda é o frio para lesões agudas, ou seja, que ocorreram há, no máximo, 72 horas, e o calor para dores crônicas”.
No entanto, o reumatologista prescreve cautela ao aplicar calor sobre articulações já inflamadas, pois isso pode aumentar a liberação de substâncias inflamatórias. Na verdade, sublinha ele, as evidências científicas sobre os efeitos dos meios físicos em reumatologia são escassas e, por isso, não se pode ter conclusões mais firmes. Outra questão abordada na reportagem abrange os eventuais benefícios da massagem em contusões. Igualmente aqui vale o senão da história do “quente/frio”. Faltam estudos que comprovem melhora, diz Jennings. “Mas é claro que, em caso de traumas, não se recomendam manipulações mais vigorosas, e sim repouso”, frisa.