A Sociedade Brasileira de Reumatologia (SBR) estima que o Lúpus afeta entre 150 mil e 300 mil pessoas no Brasil, principalmente mulheres jovens. É também uma das principais causas de internação hospitalar entre as doenças reumáticas
Lúpus Eritematoso Sistêmico (LES) ou simplesmente Lúpus é uma doença inflamatória, autoimune e crônica, cuja principal característica é a ampla variedade de suas manifestações clínicas. Frequentemente, se manifesta em mulheres jovens, com idade entre 20 e 45 anos, podendo comprometer também adolescentes. Embora a maioria das pessoas apresentem manifestações cutâneas e articulares, os sintomas podem surgir em diversos outros órgãos, de forma lenta e progressiva (meses) ou mais rapidamente (em semanas) e variam com fases de atividade e de remissão.
Por ser uma doença complexa e por vezes de difícil diagnóstico, a Sociedade Brasileira de Reumatologia (SBR) alerta que o controle e o tratamento começam pela conscientização do paciente sobre a doença e seus sintomas. “Pode ser uma doença de fácil manejo, de fácil controle, mas pode vir a ser uma doença de muita gravidade. Por isso, fundamental procurar um médico rapidamente”, alerta o presidente da Sociedade Brasileira de Reumatologia, José Eduardo Martinez. De acordo com ele, o médico fará não só uma avaliação do diagnóstico e sim da gravidade, de acordo com a manifestação e o órgão envolvido.
A precocidade do diagnóstico é extremamente importante para um tratamento adequado, e pode determinar uma melhor resposta clínica”, de acordo com a Sociedade Brasileira de Reumatologia (SBR). No Brasil, não há números exatos da prevalência da doença. A SBR estima que o Lúpus já afeta entre 150 mil e 300 mil pessoas no país.
São reconhecidos dois tipos principais de Lúpus: um exclusivo de pele ou Lúpus cutâneo, que tem como sintomas manchas na pele (geralmente avermelhadas ou eritematosas), principalmente nas áreas que ficam expostas à luz solar (rosto, orelhas, colo e braços) e o outro Lúpus eritematosos sistêmico, no qual múltiplos órgãos podem ser acometidos, além de quadros cutâneos e articulares. Alguns sintomas gerais do Lúpus eritematoso sistêmico são febre, emagrecimento, perda de apetite, fraqueza e desânimo. Outros, são específicos de cada órgão acometido, como dor nas juntas, manchas na pele, anemia, diminuição de plaquetas, inflamação na pleura e pericárdio, hipertensão e/ou problemas nos rins.
De acordo com o reumatologista Dr Odirlei Andre Monticielo, coordenador da Comissão de LES, da Sociedade Brasileira de Reumatologia (SBR), o tratamento do Lúpus depende muito do tipo de manifestação apresentada pela doença e deve ser individualizado. “O foco é tentar controlar a atividade de doença, prevenindo a perda de função dos órgãos e evitando danos irreversíveis ao paciente”, afirma o especialista.
Ele explica também que a pessoa com Lúpus tem, habitualmente, fases em que apresenta mais sintomas, chamados de `períodos de atividade´ da inflamação e, outros momentos, nos quais a pessoa fica sem nenhum tipo de manifestação da doença, chamado de `período de remissão´.
Sintomas do LES
O Lúpus pode apresentar sintomas em vários órgãos, sendo esses decorrentes de uma inflamação, ocasionada por um desequilíbrio no sistema imunológico da paciente, fazendo com que ela produza uma quantidade aumentada de anticorpos. O aparecimento da doença depende de uma herança genética, isto é, existe uma predisposição genética, mas que pode ser desencadeada por fatores ambientais como a radiação ultravioleta, infecções virais, dentre outros.
O Lúpus Eritematoso Sistêmico (LES), desencadeia sintomas, que podem surgir em diversos órgãos de forma lenta e progressiva (meses) ou mais rapidamente (em semanas). Nas fases iniciais do LES, os sintomas que mais incomodam são desânimo, cansaço e perda de apetite. A maioria das pessoas com LES na sua fase inicial apresentam dor nas juntas, às vezes, também com inchaço. Além disso, podem também apresentar quadros cutâneos da doença, principalmente no rosto e em áreas expostas ao sol, que agravam sobremaneira as lesões. Na pele do rosto, a pessoa pode ficar com marcas e por isso, estigmatizada, o que determina diminuição da autoestima, principalmente para as mulheres.
Qualquer outro órgão ou tecido pode ser envolvido pela inflamação que ocorre no Lúpus, mas alguns são particularmente preocupantes. Um grande problema da doença, que afeta aproximadamente 50% dos pacientes, é a inflamação nos rins, que não determina dor, mas leva a uma perda da sua função, com perda de proteínas na urina, inchaço nas pernas e no rosto, hipertensão arterial e, nos casos mais graves levar a insuficiência renal com necessidade de hemodiálise.
Diagnóstico e Tratamento
O diagnóstico do LES é feito pelo reconhecimento dos sintomas e sinais da doença pelo médico, em associação com alguns exames laboratoriais. É importante a avaliação de alguns exames gerais, como hemograma e os que medem a função renal, além de alguns exames mais específicos que confirmam a possibilidade de lúpus, como a identificação dos distúrbios imunológicos próprios da doença (presença de autoanticorpos no sangue). Neste sentido, é extremamente importante a avaliação do reumatologista para ajudar e confirmar a possibilidade da doença.
São importantes no manejo do Lúpus as medidas de proteção da radiação solar (com o uso de fotoprotetores), suspensão do tabagismo quando presente, afastamento de condições de estresse, alimentação balanceada, repouso adequado e atividade física regular. Além disso, o uso de medicamentos que controlem a atividade de doença, previnam reativações e diminuam o acúmulo de danos são fundamentais.
Na atualidade, ainda não é possível falar em cura do Lúpus, mas em controle da doença. A maioria dos pacientes irá precisar de um acompanhamento regular, a cada três ou seis meses com um reumatologista, pois, em caso de uma reativação dos sintomas da doença, esses devem ser controlados logo no início, permitindo que a pessoa rapidamente reequilibre o seu sistema imunológico e recupere sua saúde.
É consenso entre os especialistas da SBR que quanto mais se conhece sobre os mecanismos envolvidos no desenvolvimento do Lúpus Eritematoso Sistêmico (LES), maior a chance de controle da doença e maior a chance de se ter medicamentos com maior eficácia e menos efeitos adversos.
A Sociedade Brasileira de Reumatologia (SBR) disponibiliza gratuitamente uma cartilha com foco no esclarecimento e orientação sobre a doença Lúpus Eritematoso Sistêmico (LES), com linguagem simples e informativa para leigos. O material para download está disponível no site: www.reumatologia.org.br
Cenário da doença:
- Estima-se que entre 150 mil a 300 mil pessoas no Brasil têm Lúpus Eritematoso Sistêmico (LES).
- A prevalência da doença é mais alta em mulheres, principalmente, na faixa etária entre 20 e 45 anos. Porém, pode ocorrer em pessoas de qualquer idade e etnicidade.
- São reconhecidos dois tipos principais de Lúpus: exclusivo de pele ou Lúpus cutâneo, que tem como sintomas o de manchas na pele (geralmente avermelhadas ou eritematosas) e Lúpus Eritematoso Sistêmico, no qual múltiplos órgãos podem ser acometidos.
- O diagnóstico do LES é feito pelo médico reumatologista, que reconhece os sintomas característicos da doença, com associação a exames específicos, principalmente os distúrbios imunológicos próprios da doença.
- O melhor controle da doença depende da conscientização do paciente e sua adesão ao tratamento proposto.
- O Lúpus Eritematoso Sistêmico (LES)não é contagioso.
Sobre a Sociedade Brasileira de Reumatologia (SBR)
A Sociedade Brasileira de Reumatologia (SBR) é uma associação civil científica de direito privado, sem fins lucrativos, fundada em 15 de julho de 1949, na cidade do Rio de Janeiro, pelos médicos Herrera Ramos, Waldemar Bianchi, Pedro Nava, Israel Bonomo, Décio Olinto e outros, tendo mantido desde então sua tradição científica, acompanhando e promovendo o desenvolvimento da especialidade no Brasil e com um importante papel também internacional, especialmente entre os países da América Latina. Filiada à Associação Médica Brasileira, conta em torno de 2 mil associados, congrega 26 sociedades regionais estaduais, assessorias e comissões científicas e representações em associações nacionais e internacionais e junto ao Ministério da Saúde. Visite o site: www.reumatologia.org.br
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