Cuidados com os joelhos. Esse foi o tema da última edição da Revista Saúde, que elenca várias dicas de como proteger essa importante articulação, que sofre impacto num simples caminhar. Com mais detalhes, o reumatologista e coordenador da Comissão de Coluna Vertebral da SBR, Marcos Renato de Assis, explica tudo o que envolve os joelhos, começando pelo básico. O que são os joelhos? “São articulações entre as pernas e as coxas que suportam grande parte do peso corporal e são fundamentais à deambulação e às trocas posturais”, explica.
Quanto à formação do joelho, Assis dá detalhes: cada um deles compreende fundamentalmente a parte inferior do osso da coxa (côndilos femurais), a parte superior do osso da perna (a epífise com o platô tibial), a patela (pequeno osso que fica na parte da frente do joelho), meniscos (que auxiliam no acoplamento dos ossos e no amortecimento de cargas), ligamentos e cápsula articular (que colaboram na estabilidade da articulação), além de músculos e tendões. “É fácil notar que sua maior amplitude de movimento é para flexão-extensão (dobrar e esticar), mas o joelho permite a movimentação em mais de um plano, sendo as rotações muito importantes em situações distintas como mudar de direção, adaptar-se a terrenos irregulares, em gestos esportivos e de lazer como algumas danças, por exemplo.”
Prática de exercícios
Para quem pratica exercícios físicos, diz Assis, é preciso considerar que a pressão a que os joelhos são submetidos não se relaciona apenas ao peso corporal, mas à posição da articulação, ao estado das estruturas periarticulares, ao nível de condicionamento físico e às condições de outras articulações que interferem no seu funcionamento. “Assim, atividades físicas que são adequadas a um indivíduo podem ser muito lesivas a outro, portanto, a progressão de exercícios físicos deve atender à melhora gradual nas condições físicas daquela pessoa”.
Caminhada e corrida, diz Assis, têm sido muito estimuladas devido às amplas vantagens que oferecem na promoção e manutenção da saúde em diversos aspectos, “mas é importante lembrar de questões como nível de aptidão física individual, dose e ritmo dos exercícios, calçados e pisos adequados para que a ocorrência de lesões não venha substituir o saudável pelo inoportuno sofrimento”. Para a população em geral, Assis diz que os exercícios físicos adequados e regulares são as melhores ferramentas de prevenção às lesões de modo geral, seja por fortalecimento, melhora da percepção do corpo e do equilíbrio ou por facilitar a nutrição da cartilagem embebida pelo líquido sinovial (líquido do interior da articulação). Entretanto, o reumatologista salienta que existem os cuidados ergonômicos, também conhecidos em reabilitação como “proteção articular”, que visam a poupar cartilagens e ossos bem como diversas estruturas envolvidas na mobilidade e estabilidade. E isso pode incluir a escolha de calçados, o jeito de trabalhar, a maneira de parar em pé, de agachar-se ou de levantar.
“Mas o que muita gente ignora é que a osteoartrite, causa importante de “desgaste dos joelhos” principalmente com o passar dos anos, não diz respeito apenas à carga sobre joelhos, mas à saúde num sentido mais amplo”, salienta, adicionando que a artrose relaciona-se com muitos fatores de risco cardiovascular, como obesidade, hipertensão, diabetes e sedentarismo. Segundo Assis, muitos sabem que a imobilidade ou pouco uso articular podem agravar essas condições, “mas também se deve saber que esses mesmos fatores são risco para que a cartilagem se torne insuficiente, condição que conhecemos como artrose”. Lesões e Tratamento Problemas em meniscos e ligamentos são comuns, segundo Assis, muitas vezes associados a traumas, tendo tratamento variável conforme gravidade e demanda do indivíduo.
“A osteoartrite, também conhecida como artrose, é bastante comum, e se torna mais frequente com o avanço da idade. Em alguns casos a osteoartrite pode se manifestar de modo muito inflamatório, mas é importante fazer um bom diagnóstico diferencial”, salienta, ressaltando que se deve ter atenção para a ocorrência de artrites cuja progressão leva a sérios danos articulares que culminam com uma artrose avançada, ao passo que com diagnóstico precoce frequentemente podem ter uma ótima evolução. No caso de a articulação não oferecer mínimas condições funcionais,e a dor é de difícil tratamento com os recursos disponíveis, diz o reumatologista, pode ser necessária a substituição por prótese, “considerando-se obviamente outras condições de saúde do paciente”.
Assis acha importante salientar que há vários tipos de artrite: a reumatoide, uma das mais conhecidas; a séptica, com potencial de destruição muito rápido; a psoriásica, frequentemente subdiagnosticada; entre várias outras. “O diagnóstico preciso seguido do tratamento precoce é fundamental para garantir a remissão da inflamação, manter estrutura e função, evitando sequelas, dores crônicas, incapacidade e cirurgias”, explica Assis, salientando que, nestes contextos, contar com o atendimento do reumatologista desde as fases iniciais amplia muitas as possibilidades de sucesso no tratamento.
Jornalista Responsável: Maria Teresa Marques