Algumas reportagens publicadas nas últimas semanas têm dado conta da piora de dores articulares, ou nas juntas, durante o inverno. Segundo o reumatologista gaúcho Fernando Neubarth, de fato, é comum a associação entre frio e doenças reumáticas, caracterizadas por dores nas articulações, principalmente para quem vive no Sul e no Sudeste do Brasil. “Mas a verdade é que, apesar de o frio poder aumentar alguns sintomas, essas doenças não pioram nem surgem devido às baixas temperaturas”, garante.
O médico explica que, com a queda da temperatura, as pessoas tendem a se encolher. Há constrição da circulação sanguínea – os vasos ficam mais estreitos –, além de contraturas dos tecidos, tendões e músculos, visando a armazenar o máximo de calor no organismo. As articulações, evidentemente, podem sofrer com tudo isso. “Quando existe uma lesão prévia, o paciente tem a percepção de piora da dor e pode apresentar dificuldade para se movimentar, além de rigidez nas juntas”, assinala Neubarth.
Os sintomas são mais intensos nas articulações periféricas, como os pés e as mãos, nas quais a temperatura corporal é menor, sobretudo se a pessoa também tiver alguma insuficiência circulatória afetando artérias e/ou veias. O médico lembra ainda que o frio é um dos estímulos mais conhecidos para o agravamento do espasmo vascular conhecido como fenômeno de Raynaud.
O paciente com essa manifestação geralmente sofre mais sob baixas temperaturas, em locais onde o inverno é mais rigoroso. “A irrigação sanguínea diminuída, acompanhada ou não desse fenômeno, pode provocar contratura e dor, havendo, em alguns casos, o aparecimento de lesões de pele potencialmente dolorosas nas extremidades, com edema e rachaduras, em especial nas articulações dos pés e das mãos”, descreve o reumatologista.
Calor para aliviar a dor
Para reduzir a sensação de maior intensidade da dor diante das baixas temperaturas, Neubarth recomenda manter-se bem protegido contra o frio, com agasalhos apropriados, e recorrer a banhos de água morna e ao uso de bolsas térmicas nas áreas doloridas. “O calor descontrai músculos, tendões e ligamentos, aliviando a pressão sobre as articulações e favorecendo a circulação sanguínea”, justifica.
Só isso, porém, não basta. Atividades físicas orientadas e de baixo impacto, como caminhadas, não apenas promovem aquecimento, como também ajudam a manter a lubrificação adequada das articulações, reforçando os músculos que as sustentam, diz o médico. Exercícios de alongamento igualmente são importantes, prossegue ele, pois mantêm o tônus, a flexibilidade e a amplitude dos movimentos. Quando, porém, as dores persistirem por vários dias ou semanas, podem ser sinal de algum outro problema. Em tais casos, alerta Neubarth, é imprescindível buscar a avaliação de um especialista.