Um estudo feito recentemente na Austrália dá nova luz a uma questão antiga e polêmica: a atividade física prejudica ou beneficia quem tem artrose no joelho? A resposta surpreendeu: a prática de exercícios não só não faz mal a essa articulação, como também ajuda a mantê-la saudável, podendo até mesmo beneficiar a cartilagem. Mesmo estando associada a aumento de osteófitos, uma formação óssea anormal, a atividade física bem orientada melhora os músculos e não leva a danos articulares.
Realizado pela Monash University, em Melbourne, e publicado pela Medicine Science in Sports & Exercise, o trabalho consistiu numa revisão de 28 estudos sobre atividade física e osteoartrite no joelho, a denominação hoje utilizada para citar a artrose. Ao todo, as pesquisas envolveram 10 mil pessoas, com idades entre 45 e 79 anos, e analisaram os efeitos de esportes como corrida e futebol sobre essa articulação.
O reumatologista Francisco Airton Castro da Rocha, presidente da Comissão de Osteoartrite da Sociedade Brasileira de Reumatologia (SBR), entende que os pesquisadores concluíram que as estruturas articulares são afetadas de forma diferente pela atividade física. “Vendo criticamente, pode-se dizer que os exercícios, no mínimo, não prejudicam as articulações, particularmente os que não impõem carga adicional ao peso do indivíduo, que são aeróbicos e que não provocam dor ou desconforto a quem os pratica”, enfatiza, acrescentado que, entre as atividades claramente benéficas, estão as praticadas em água, sobretudo a hidroterapia.
Além disso, o médico ressalta que há evidências de que pessoas mais aptas fisicamente – ou seja, que se exercitam com regularidade – respondem melhor aos tratamentos medicamentosos para osteoartrite e apresentam uma recuperação mais rápida de lesões sofridas e de cirurgias, como a colocação de próteses. Considerando a relação exercício/osteoartrite, Rocha recomenda que os pacientes com esse tipo de reumatismo busquem fazer atividade física regular, sob orientação médica e também de fisioterapeutas e educadores físicos, no intuito de que a abordagem multidisciplinar os ajude nesse aspecto não medicamentoso, que é fundamental para a busca da melhora de sua qualidade de vida. “E nem sequer estamos considerando aqui o benefício adicional, proporcionado pelo exercício, do convívio e da interação com outras pessoas, particularmente em idosos”, adiciona