Na última semana, uma nota divulgada pelo Hospital Sírio-Libanês e confirmada pela Rede Globo informou que o ator Reynaldo Gianecchini recebeu o diagnóstico de um linfoma não Hodgkin, câncer que afeta as células, os vasos e os órgãos do sistema linfático, cuja função é defender nosso corpo de vírus e bactérias. Assim que a nota foi distribuída à imprensa, alguns veículos de comunicação, como o Diário de Pernambuco e a Revista Época, correram a explicar a doença. Embora as causas desse câncer não sejam conhecidas, dizem os periódicos, existem algumas condições associadas a seu surgimento. Entre elas estão as doenças autoimunes, aquelas em que o organismo passa a produzir anticorpos contra órgãos e tecidos do próprio corpo, como a artrite reumatoide. A coordenadora da Comissão de Artrite Reumatoide da Sociedade Brasileira de Reumatologia (SBR), a reumatologista Licia Maria Henrique da Mota, diz que, de fato, os linfomas, especialmente os não Hodgkin, podem ter, como fatores que favorecem seu aparecimento, doenças que cursam com alteração do sistema imunológico secundárias a condições hereditárias, como a imunodeficiência variável comum, ou as já mencionadas enfermidades autoimunes. “Neste último grupo, é possível citar, além da artrite reumatoide, a psoríase, uma doença de pele, e a síndrome de Sjögren, que ataca as glândulas produtoras de lágrima e saliva”, enumera. Doenças adquiridas que comprometem as defesas do organismo, como é o caso da infecção por HIV/aids, e mesmo o uso de medicamentos imunossupressores após o transplante de algum órgão igualmente predispõem uma pessoa a desenvolver esse câncer. “Todos os fatores de risco têm, em comum, algum acometimento no sistema imunológico, o qual poderia permitir a multiplicação desordenada das células do sistema linfático que caracteriza os linfomas”, explica Licia. Ela lembra ainda que é necessário ficar atento para a ocorrência de linfomas ou outros tumores em decorrência do tratamento instituído para a artrite reumatoide, já que, além da própria doença, algumas medicações usadas para combatê-la podem aumentar esse risco. “O acompanhamento clínico e a realização periódica de exame físico e, eventualmente, de exames complementares podem guiar o médico nessa investigação”, recomenda.
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