A artrose, doença que causa desgaste das articulações, foi tema de uma matéria que saiu na revista Let’s Go Pernambuco agora, em julho. Cientificamente conhecida como osteoartrite, a doença tem incidência maior nos joelhos, na coluna, no quadril, nas mãos e nos dedos, causando fortes dores.
O texto publicado destaca particularmente os cuidados com a alimentação para dar cabo do problema, embora faça rápida menção à necessidade de fisioterapia e anti-inflamatórios. Segundo a reportagem, uma das providências seria manter uma dieta o mais colorida possível e evitar alimentos que causam aumento de ácido úrico no organismo, como carnes, queijos, ovos, chocolate, chá preto e bebidas alcoólicas, entre outros.Há referência também a uma “receita pronta”, de cunho alternativo, indicando nozes-pecãs, levedo de cerveja, gérmen de trigo, uma banana e meio abacate. Para funcionar, o paciente precisaria consumir esses itens diariamente, durante duas semanas.
Tais cuidados alimentares, entretanto, não têm eficiência comprovada cientificamente contra a artrose, de acordo com o coordenador da Comissão de Osteoartrite da Sociedade Brasileira de Reumatologia (SBR), o reumatologista Francisco Airton Castro da Rocha. “Uma dieta frugal, evitando-se gordura animal e sal em excesso, e com vegetais variados melhora a qualidade de vida do ser humano, sendo ou não portador de osteoartrite, mesmo que não necessariamente signifique viver mais”, ressalta Rocha.
É grave?
O reumatologista não pôde deixar de reparar no título da reportagem, que afirma que a osteoartrite não é grave. “O que pensa um paciente a esse respeito?”, desafia. “Se a morte não é iminente, mas a doença provoca muita dor e piora sua qualidade de vida, impedindo-o de exercer suas funções e de ter suas atividades sociais, ele responderá que esses aspectos também são características de uma doença grave”, prossegue.
Portanto, providências mais simples e fórmulas mágicas definitivamente não servem para resolver o problema, garante. Na prática, Rocha diz que o combate à osteoartrite inclui essencialmente medicamentos, mas que, entre estes, há poucas substâncias disponíveis com capacidade para brecar a progressão da doença. “Em geral, os remédios visam tão somente a proporcionar alívio da dor para que o indivíduo execute suas atividades com menos sofrimento”, explica. Por outro lado, o coordenador da Comissão de Osteoartrite da SBR destaca que a Reumatologia estuda bastante a artrose. “Atualizações com base em pesquisas científicas, sem receitas prontas, alternativas ou não, certamente já melhoraram e ainda vão contribuir, em futuro próximo, para progressos no tratamento”, entende.
De todo modo, ele lembra que deve haver uma intervenção multidisciplinar para tratar esses pacientes, com a participação de médicos, fisioterapeutas e terapeutas ocupacionais, principalmente. Enfim, a estratégia vai muito além de mudanças na alimentação.