Uma dor no ombro pode ser ou se tornar algo mais grave, razão pela qual o paciente deve procurar um médico o mais cedo possível para aumentar as chances de cura. Esse é o foco de uma reportagem do jornal A Folha de S. Carlos, em que se explicam vários aspectos sobre o tema. Uma das informações mais importantes é que as dores no ombro tanto decorrem de alterações tendíneas ou articulares no local, como também têm origem em outras regiões do corpo. O coordenador da Comissão de Reumatologia Ocupacional da Sociedade Brasileira Reumatologia (SBR), o reumatologista Milton Helfenstein Jr., explica que, na verdade, habitualmente essas dores trazem um desafio para o médico, seja no diagnóstico, seja no tratamento, já que é preciso saber se são originadas dentro do ombro ou se são devidas a outros problemas. Entre eles, o reumatologista cita alterações na coluna cervical, na região abdominal e na região torácica ou até um tumor no ápice do pulmão, ou seja, na extremidade superior do órgão. Isso quer dizer que o paciente precisa ser direcionado ao especialista correspondente à causa da dor. Em mais detalhes, Helfenstein Jr. esclarece que as dores no ombro ocorrem dentro de três categorias: as causadas por distúrbios dos tecidos moles, como músculos, ligamentos, tendões e bursas; as advindas de alguma lesão traumática, como acidentes de automóvel ou quedas; e as provenientes de artrites. Neste último caso, há dezenas de tipos de artrite, diz Helfenstein Jr.. “Na primeira categoria, de distúrbios em tecidos moles, o reumatologista ou o ortopedista, às vezes em conjunto, são os responsáveis pelo diagnóstico e pelo tratamento; no segundo tipo, dos traumas, é o ortopedista; e no terceiro, das artrites, o reumatologista”, enumera. Particularmente nos distúrbios dos tecidos moles, o mais comum é a patologia do manguito rotador, um grupo de quatro tendões que agem para estabilizar o ombro, a qual resulta em males como a bursite ou a tendinite. Trata-se de um problema cujo risco de ocorrência aumenta em pessoas com mais de 40 anos, afirma o reumatologista. Outra condição conhecida, ligada à região do ombro, é a calcificação, que consiste no depósito de sais de cálcio nos tendões e nas bursas, sendo uma ocorrência muito comum, segundo Helfenstein Jr. Contudo, na maioria das vezes não há nem dor nem outro sintoma qualquer, observa. Diante de uma queixa de dor no ombro, Helfenstein Jr. considera importante que o médico, ao pedir que o paciente indique a área acometida, veja que a região mostrada é outra. “Às vezes, a pessoa aponta não o ombro, mas o local onde está o músculo trapézio, que fica entre o ombro e o pescoço, e aí se trata de problema muscular ou até de indício de um quadro de fibromialgia, que causa dores generalizadas”, sublinha. Osteopatia A reportagem de A Folha de S. Carlos faz também menção a um tipo de tratamento de cunho alternativo, denominado osteopatia, que se baseia em técnicas terapêuticas manuais, entre elas a manipulação do sistema musculoesquelético, formado por ossos, músculos e articulações, e não em fármacos ou em cirurgia. Helfenstein Jr. acha o método válido, mas alerta para a eventual ideia errônea de que todos os problemas do ombro serão totalmente resolvidos com a técnica: “A osteopatia tem seus limites, como qualquer outra especialidade da medicina, alternativa ou convencional”, salienta. O caminho, diz ele, é mesmo procurar um médico o mais rápido possível, logo que a dor no ombro surgir, porque diagnósticos precoces são a melhor maneira de conseguir cura ou grandes melhoras. Nesse panorama, evidentemente, sempre cabem algumas ações preventivas, lembra o reumatologista, como manter hábitos de vida adequados, ter cuidados com o sono, fazer exercícios físicos de maneira correta e manter uma alimentação sadia.
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