23/05/2011
Conjuntamente com a história clínica e o exame físico feitos pelo médico, o reumatologista solicita alguns exames de laboratório, dentre eles existem os anticorpos antifosfolípides.
Os anticorpos antifosfolípides foram inicialmente descritos em pacientes com sífilis; em seguida nos pacientes com lúpus eritematoso sistêmico e, hoje em dia, eles estão principalmente relacionados com a síndrome antifosfolípide. Esta síndrome é caracterizada pela presença de trombose (vaso obstruído por trombo) ou abortos de repetição (devido a trombos na placenta) e, quando se solicitam os anticorpos antifosfoípides, estes vem positivos em mais de uma ocasião.
Existem três tipos principais de anticorpos antifosfolípides: anticardiolipina IgG ou IgM, anticoagulante lúpico e, mais recentemente, os anticorpos anti-beta2-glicoproteína I (anti-beta2-GPI) IgG ou IgM. Para se dar importância a esses anticorpos, os mesmos devem ser positivos em duas ocasiões distintas intervaladas por 6 a 12 semanas e devem ser positivos em níveis moderados a altos (acima de 20 ou 40), exceto o anticoagulante lúpico cujo resultado é apenas positivo ou negativo. Um exemplo: se uma paciente apresenta trombose na perna, confirmada por exame de imagem, e a sua anticardiolipina IgG veio com resultado 60 GPL e depois de 3 meses se repetiu e veio positivo 50 GPL pode-se fazer o diagnóstico de síndrome antifosfolípide. Diferente do caso de uma paciente que apresentou dois abortos e na investigação veio anticardiolipina IgM 12 MPL em uma única ocasião e em baixo titulo, não é possível nesse momento fazer o diagnóstico da síndrome antifosfolipide.
Os anticorpos antifosfolípides podem aparecer depois de algum quadro infeccioso ou até mesmo após o uso de algumas medicações. Portanto, a interpretação correta do exame deve se realizada somente com o seu médico.
Interessante que em algumas doenças reumáticas os anticorpos antifosfolipides podem vir positivos, tais como no lúpus eritematoso sistêmico, artrite reumatóide, esclerodermia e vasculites. Entretanto, somente no lúpus existe uma preocupação maior com o surgimento de tromboses. É muito raro acontecer tromboses nas outras doenças em que os anticorpos antifosfolípides são positivos. Entretanto, mais uma vez a interptetação desses resultados, o acompanhamento e o aconselhamento dos pacientes serão realizados sempre pelo médico.
O tratamento do paciente com anticorpos antifosfolípides é feito apenas em duas ocasiões: quando feito o diagnóstico da síndrome antifosfolípide, onde o paciente receberá medicação anticoagulante por longo prazo; ou quando positivo em títulos moderados a elevados e persistentemente positivos (após 6 a 12 semanas continuar positivos) em pacientes com lúpus, onde será oferecido ao paciente o uso de AAS infantil.
É importante ressaltar ainda que mulheres com anticorpos antifosfolipides positivos não devem utilizar anticoncepcionais ou terapia de reposição hormonal contendo estrógeno. Outra informação relevante é que o indivíduo com positividade a esses anticorpos devem ter seus fatores de risco cardiovascular bem controlados, tais como pressão arterial normal, colesterol e frações controladas, se necessário com medicações, além de evitar o tabagismo e reduzir o peso na obesidade e sobrepeso.
Última atualização (23/05/2011)