Um estudo da Universidade de Uppsala, na Suécia, concluiu que a ingesta de cálcio em excesso não diminui o risco de desenvolvimento de osteoporose e de ocorrência de fraturas em pacientes do sexo feminino. Os pesquisadores acompanharam mais de 61 mil mulheres, com idade entre 63 e 93 anos, ao longo de 19 anos, e constataram que aquelas que consumiam cerca de 700 miligramas diários de cálcio tinham menor probabilidade de sofrer fratura. Entretanto, o risco não foi reduzido quando o consumo do mineral ultrapassou esse nível.
Das pacientes envolvidas no estudo, 24% tiveram algum tipo de fratura, 6% delaslocalizadas no quadril. E, num subgrupo de cerca de 5 mil mulheres, 20% desenvolveram osteoporose. Para a coordenadora da Comissão de Osteoporose da Sociedade Brasileira de Reumatologia (SBR), a reumatologista Rosa Pereira, esse estudo é importante porque demonstrou, após ter envolvido um grande número de pacientes, que a ingesta de cálcio abaixo de 700 mg/dia aumenta a possibilidade de ocorrência de fraturas, de quadril inclusive. No entanto, o consumo de doses maiores não preveniu esse risco.
Tal resultado, porém, pode ser um viés do estudo, na opinião de Rosa, uma vez que mulheres com osteoporose mais grave possivelmente já sabiam do diagnóstico e já faziam uso de mais de 700 miligramas diários de cálcio – a dose apontada como parâmetro pelos pesquisadores suecos. Assim, a médica entende que o estudo é controverso e precisa ser comparado com outros, até porque a quantidade preconizada de cálcio para tratar e prevenir a osteoporose é de 1.000-1.500 mg/dia, segundo entidades internacionais e nacionais. De qualquer modo, a reumatologista enfatiza que só ingerir cálcio não basta para prevenir fraturas em quem sofre de osteoporose.
“Nesses casos, é necessária a associação com medicações específicas que agem diminuindo a perda óssea ou aumentando a formação de osso novo”, explica ela, acrescentando que isso já está bem estabelecido na literatura médica. Rosa lembra também que a estrutura óssea estará mais bem protegida se a pessoa tiver começado a ingerir cálcio desde a infância ou na adolescência. Seria uma forma de construir no indivíduo um “banco de ossos”.