A Reumatologia é uma especialidade da Clínica Médica, exercida no Brasil desde 1949 por cerca de dois mil especialistas, responsável pelo atendimento dos pacientes portadores de doenças que afetam o aparelho locomotor. São doenças de várias naturezas (autoimunes, posturais, inflamatórias agudas e crônicas, degenerativas, metabólicas), totalizando quase 120 tipos diferentes de enfermidades. Algumas destas, podem evoluir para deformidades e incapacidade funcional temporárias ou permanentes. A grande maioria destas doenças causa impacto negativo na qualidade de vida.
A fibromialgia é uma síndrome dolorosa crônica caracterizada por amplificação da percepção da dor, desregulação da resposta ao estresse e associação a síndromes funcionais. A queixa central é dor musculoesquelética generalizada crônica, associada a sintomas como fadiga, distúrbio do sono, distúrbios cognitivos (memória e concentração) e alterações de humor (depressão e ansiedade). Com frequência, a fibromialgia associa-se a outras condições em que as sensações dolorosas do corpo são amplificadas como a síndrome do intestino irritável e cefaleia. O diagnóstico da fibromialgia é clínico, sem a necessidade de qualquer exame subsidiário.
O tratamento da fibromialgia é farmacológico e não farmacológico. Medicações são utilizadas para reduzir sintomas e proporcionar condições para a prática de exercícios. O tratamento não medicamentoso tem papel fundamental na abordagem dos pacientes, sendo o exercício físico a estratégia mais respaldada na literatura mundial. Embora reconhecendo que haja dificuldades para a introdução e execução da atividade física na rotina dos pacientes, é essencial que sejam criadas condições par a sua realização.
A fibromialgia não causa deformidades ou insuficiência de qualquer órgão vital. Por ser uma condição de dor crônica generalizada, existe muita dificuldade em mensurar e classificar o grau de incapacidade neste grupo de pacientes, embora seja reconhecido que existe uma queda na qualidade de vida destes pacientes.
Em concordância com a literatura mundial, as Comissões de Fibromialgia, Dor e outras Lesões de Partes Moles e de Saúde Ocupacional da Sociedade Brasileira de Reumatologia (SBR) definem que a fibromialgia não é doença ocupacional e não leva à incapacidade permanente. Reconhecem, porém, que sendo uma síndrome dolorosa crônica, os pacientes estão sujeitos a limitações e até mesmo incapacidade temporária, o que será definido pelo médico perito, auxiliado pelas informações fornecidas pelo médico assistente.
A SBR se posiciona contrariamente ao estabelecimento de direitos preferenciais a pacientes que não tenham incapacidade temporária ou definitiva por critérios técnicos estabelecidos. Ressaltamos o apoio a toda iniciativa para a melhora da qualidade de vida e capacidade funcional dos pacientes com fibromialgia.
Sociedade Brasileira de Reumatologia