A Sociedade Brasileira de Reumatologia (SBR) anunciou, no último dia 14 de setembro, em mesa redonda, durante o 34º Congresso Brasileiro de Reumatologia, as novas Diretrizes de Tratamento para Artrite Reumatoide (AR), que inclui princípios básicos de conduta e atualiza o arsenal terapêutico, tendo em vista o controle intensivo da doença, considerando eficácia, segurança e custo. Participaram da mesa redonda Dr. Georges Cristopoulos, presidente da SBR, Dra. Licia da Mota, coordenadora da comissão da AR da entidade, e Emmanuel de Oliveira Carneiro, da Cordenação Geral do Componente Especializado de Assistência Farmacêutica, que debateu o desafio financeiro da AR e seus custos diretos.
“O propósito deste documento foi o de estabelecer diretrizes consensuais para o tratamento da AR no Brasil e embasar os reumatologistas brasileiros com as evidências obtidas na literatura médica e da experiência de uma comissão deespecialistas no assunto, considerando o contexto sócio-econômico brasileiro e mantendo a autonomia do médico na indicação eescolha das alternativas terapêuticas disponíveis”, afirma Dr. Georges Christopoulos, presidente da SBR.
A artrite reumatoide é uma doença sistêmica, inflamatória, autoimune, que se caracteriza principalmente pelo comprometimento da membrana que recobre as articulações; no curso da doença, se não diagnosticada e tratada adequadamente, pode levar à incapacitação física. “As últimas décadas trouxeram incremento substancial do arsenal terapêutico para o seu tratamento, tanto em razão do grande avanço no conhecimento dos mecanismos da doença, do desenvolvimento de novas classes de medicamentos e da implantação de estratégias de tratamento e acompanhamento dos pacientes, quanto do controle intensivo da doença e a intervenção na fase inicial dos sintomas”, afirma Dra Licia da Mota, coordenadora da Comissão de AR, da SBR, que liderou este projeto.
Durante a mesa-redonda, Emmanuel Carneiro, de Atenção Especializada à Saúde, do Ministério da Saúde, afirmou que “tecnicamente, sabemos que o paciente que está estável e apresenta boa resposta a um determinado tratamento deve continuar nesse tratamento e qualquer mudança deve ser compartilhada com seu médico”.
A Sociedade Brasileira de Reumatologia espera fazer parte da Câmara de Especialidades do Ministério da Saúde, conforme convite feito pelo Ministro da Saúde, Ricardo Barros, em junho último.
Novas Diretrizes
O novo documento com recomendações para o tratamento inclui princípios básicos de conduta e abordagem terapêutica, conforme o histórico clínico do paciente, a gravidade da doença e sustentabilidade do tratamento. Pelas estas novas diretrizes de tratamento da Sociedade Brasileira de Reumatologia, o arsenal terapêutico inclui como abordagem inicial:
- uso de medicamentos modificadores do curso da doença MMCD sintéticos convencionais, sendo o metotrexato de primeira escolha;
- medicamentos biológicos (oito opções disponíveis) devem ser adotados quando o paciente não responder ao tratamento inicial (podem ser usados como monoterapia, ou em associação com MTX, sempre considerando a meta de tratamento, o perfil clínico de cada paciente e o grau de atividade da doença).
- As novas recomendações de tratamento da SBR incluem uma novo medicamento de uma nova classe, inibidor de JAK, uma proteína que tem papel fundamental no desenvolvimento da AR, que pode ser usado após falha a medicamentos sintéticos convencionais ou biológicos.
Além da abordagem de tratamento, as diretrizes de tratamento da SBR estabelecem os seguintes principios básicos:
- O tratamento do paciente com AR deve, preferencialmente, ter uma abordagem multidisciplinar, coordenada por um reumatologista.
- O tratamento do paciente com AR deve incluir orientações sobre hábitos de vida, controle rigoroso das comorbidades e atualização do cartão de vacinas
- O tratamento do paciente com AR deve ser baseado em decisões compartilhadas entre médico e paciente, após os esclarecimentos sobre a sua enfermidade e opções terapêuticas disponíveis.
- A meta do tratamento do paciente com AR é o estado persistente de remissão clínica ou, quando não for possível, a baixa atividade da doença.