Muito tem se falado sobre a Doença de Lyme desde que o cantor pop Justin Bieber confirmou a informação veiculada pelo site norte-americano TMZ de que havia sido diagnosticado com a enfermidade – e reproduzida por veículos brasileiros como UOL e Globo.com Com base publicação assinada pelo médico Izaías Pereira da Costa, professor titular da Universidade Federal do Mato Grosso do Sul, a reumatologia pediatra de Ribeirão Preto, Gecilmara Salviato Pileggi, Coordenadora da Comissão de Doenças Endêmicas e Infecciosas e professora da Faculdade de Ciências de Saúde de Barretos (FACISB), esclarece sobre a origem, os sintomas e a prevenção da enfermidade.
1. O que é a Doença de Lyme?
Resposta – A Doença de Lyme é uma enfermidade infecciosa transmitida por carrapatos de várias espécies, que podem causar lesões na pele, no sistema nervoso central e periférico e no coração, além de dores articulares. No Brasil, temos diagnosticado as mesmas manifestações clínicas, após picada de carrapatos, desde 1992. Essa variante brasileira é denominada de Doença de Lyme símile brasileira ou síndrome de Baggio-Yoshinari.
2. Em que uma e outra doença diferem? O carrapato que transmite a doença no Brasil é o mesmo que transmite a doença lá fora?
Resposta – Os sintomas do Lyme símile brasileira tendem a ser recorrentes, mesmo após tratamento adequado e mais prolongado, com grande frequência de cronificação e risco de desenvolvimento de sintomas reacionais como a síndrome da fadiga crônica ou encefalomielite miálgica e doenças autoimunes/alérgicas. Os carrapatos no Brasil não pertencem ao complexo Ixodes ricinus, como encontrado nos Estados Unidos. Aqui, os carrapatos dos gêneros Amblyomma cajenenses, Rhipicephalus sanguineus, Ripichephalus microplus, Dermacentor nitens são vetores que infestam tanto animais domésticos como silvestres.
3. Como é a vida de uma pessoa que foi diagnosticada e está sendo tratada, mas é obrigada a conviver com a doença?
Resposta – Uma parte da população que foi infectada, fica curada após o tratamento adequado nas fases precoces da doença. Em pacientes que tiveram múltiplos contatos com carrapatos ou longo tempo de permanência desse aracnídeo no corpo, o quadro pode se agravar e deixar sequelas irreversíveis. Esses paciente também têm de fazer uso de antibióticos constante para evitar episódios de recorrência.
4– No mundo existem fundações dedicadas a apoiar portadores da Lyme e a promover campanhas relacionadas à prevenção. Duas perguntas: o que seria prevenir a Lyme — tanto no aspecto das políticas públicas quanto no aspecto da prevenção individual? E existe alguma iniciativa parecida no Brasil?
Resposta – Como o extermínio dos carrapatos não é possível, resta-nos medidas de prevenção individual, com evitar áreas rurais com mata. Caso a pessoa vá a essas áreas rurais, deve usar um vestuário adequado, como calças compridas por entre as botas, camisas de mangas compridas. No retorno, precisa fazer uma busca detalhada no corpo para averiguar a presença de carrapatos. Quando houver o aparecimento de lesão avermelhada no local da picada e que está aumentando de tamanho, o paciente deve iniciar o tratamento com antibióticos, sob supervisão médica. Também é importante não se deve retirar os carrapatos dos animais domésticos com as mãos desprotegidas e usar sempre com luvas ou com pinça. No Brasil não há ainda um politica pública direcionada para essa doença.
Por favor, fazer a correção. Carrapato não é inseto (hexapoda). Carrapato é um aracnídeo. Pra ser mais direto. Os insetos tem 6 pernas e os aracnídeos (carrapatos, aranhas, escorpiões e ácaros) tem 8 pernas.
Olá Eduardo. Fizemos a correção – obrigada!