Crianças e adolescentes que sofrem de dores musculares, popularmente conhecidas como dores de crescimento. Esse foi o tema de uma reportagem recente do Jornal da Manhã, de Uberaba (MG), que cita informações da Sociedade Brasileira de Reumatologia (SBR), cujos dados demonstram que as maiores queixas abrangem a coluna, os braços, as pernas e o pescoço e envolvem crises que podem se estender por meses ou até anos repetidamente.
Embora tais dores musculoesqueléticas sejam muito comuns em crianças e adolescentes e bastante conhecidas pelos médicos, na verdade elas não têm relação com o crescimento, diz o coordenador da Comissão de Reumatologia Pediátrica da SBR, o reumatologista pediátrico Cláudio Len. “O nome se popularizou porque essas dores, geralmente nas pernas, acometem crianças em fase de crescimento, dos 5 aos 10 anos, em média”, justifica o médico, salientando que a causa real do problema ainda é desconhecida.
Ele explica que, das áreas afetadas, as pernas são as que mais sofrem: “A dor é geralmente bilateral, ou seja, nas duas pernas, e não é localizada, como num só joelho, por exemplo”, esclarece. Na hipótese de afetar apenas um local ou a coluna, recomenda-se uma avaliação médica para que sejam descartadas doenças de um modo geral.
Quanto à incidência, que o texto do Jornal da Manhã cita ser de 25% entre crianças e adolescentes, Cláudio Len lembra que as dores de crescimento, particularmente nas pernas, além de serem comuns, podem ou não estar relacionadas a traumatismos. “Daí a alta frequência quando as somamos às dores relacionadas aos traumatismos”, sublinha.
Na reportagem do jornal mineiro, as crianças do sexo feminino são citadas como as mais afetadas. A explicação, de acordo com o reumatologista pediátrico, é que meninas e mulheres têm mais queixas dolorosas, talvez por conta de um limiar de dor mais baixo, ou seja, por maior sensibilidade a essa manifestação. E isso, diz ele, vale para a maioria das dores, como a cefaleia e a abdominal.
Segundo o coordenador da Comissão de Reumatologia Pediátrica da SBR, os exercícios físicos configuram um caminho altamente benéfico para diminuir o problema nas crianças, embora não bastem: “Além disso, deve-se estabelecer uma rotina saudável, em especial com relação ao sono”, assinala. Em detalhes, isso significa que as crianças têm de dormir pelo menos de oito a dez horas por noite. Também a postura inadequada, no uso de computador ou do videogame, por exemplo, pode piorar a dor.
Mesmo com todos esses cuidados, porém, Cláudio Len faz questão de lembrar que a recomendação é que os pais procurem um pediatra para que seja feito um diagnóstico adequado da dor.