Uma notícia publicada recentemente no jornal O Globo levanta a questão do uso excessivo de videogames, computadores e celulares por crianças e adolescentes. A reportagem cita que o tema esteve na pauta da última reunião anual da Liga Europeia contra o Reumatismo (Eular), realizada em maio, em Londres, quando foram abordados os problemas físicos que podem advir da manipulação desses equipamentos em braços, ombros, mãos e dedos.
O texto do jornal fala, particularmente, na artrite como consequência de digitação e de outros movimentos excessivamente prolongados. Entretanto, o coordenador da Comissão de Pediatria da Sociedade Brasileira de Reumatologia (SBR), o reumatologista pediátrico Cláudio Len, explica que não cabe dizer que, nessas situações, pode surgir uma artrite, pois tal doença envolve um processo inflamatório articular.
“Nos movimentos repetitivos em PCs, celulares e aparelhos de videogame, as inflamações acometem o tecido periarticular, que são os músculos, ligamentos e tendões, particularmente”, assinala. Ou seja, não há processo inflamatório na articulação diretamente.
Nos casos de inflamação periarticular, estão envolvidos problemas de ordem mecânica, como tendinite ou bursite, esclarece Cláudio. E tais doenças decorrem exatamente do uso demasiado dos quipamentos citados. Idealmente, diz ele, a criança ou o adolescente deveriam passar de uma a três horas diárias mexendo em PCs, celulares e videogames. Não mais do que isso. E em condições ergonômicas favoráveis, o que significa teclado não plano, mas inclinado, cadeira adequada para permitir o encosto e monitor na altura dos olhos.
Sempre que possível, continua o médico, a criança deve digitar sentada, com os joelhos a 90 graus e os pés no chão ou apoiados em um banquinho. Quanto aos controles remotos, a escolha deve ser direcionada para os mais ergonômicos. Caso surjam dores, Cláudio aconselha uma consulta a um pediatra, que irá localizar o local afetado. “Se for uma dor de origem mecânica, decorrente da atividade com aparelhos de digitação, o caminho será intercalar os períodos de uso e submeter a criança ou o adolescente a formas de relaxamento e massagem, que são importantes para diminuir o sintoma”, sustenta. Ele acrescenta que não é recomendável a prescrição de analgésicos e anti-inflamatórios, já que se trata de remédios possivelmente causadores de efeitos colaterais.
Mudança de hábitos
Tão importante quanto considerar os problemas físicos advindos do uso excessivo de aparelhos eletrônicos é mudar os hábitos da criança ou do adolescente, ressalta o reumatologista pediátrico: “Longas horas nesses equipamentos, particularmente à noite, mexem com o sono de quem os usa e dormir pouco tempo causa fadiga, estresse e até dores”, lembra. Além disso, a criança perde oportunidades de vida social real, de convívio e de lazer de outros tipos, passando os computadores e celulares a ser sua principal via de convivência e diversão. Sem falar no caso extremo de eles se tornarem um vício.
Então, salienta Cláudio, cabe aos pais a tarefa de promover mudanças no estilo de vida dos filhos, introduzindo opções atraentes de lazer, principalmente algum esporte. “Na verdade, às vezes é conveniente deixar as crianças quietas diante de um computador ou um videogame, mas é importante demais monitorar essas atividades, impor regras de uso e misturá-las a outras atividades, de forma que não sejam a única ou a principal”, recomenda.
minha mae de 75 anos esta com os 2 ombros todo dia com dor tomando dipironana a cada 6 horas, estou desconfiando que seja celular pois ela fica direto usando celular pra ver videos no youtube, sera que é isso? vou deixa ela 1 semana sem celular pra ver se melhora
Boa tarde, Mauro. Apenas um especialista poderá auxiliar. Para encontrar um em sua região, acesse: https://www.reumatologia.org.br/associado