Tomar anticoncepcionais pode ser recomendado para ajudar a resolver problemas que nada têm a ver com a função original, antirreprodutora. Esse é o tema de uma reportagem publicada recentemente no jornal A Notícia de Joinville, em que médicos enumeram os benefícios paralelos advindos do uso desses fármacos, ajudando a combater problemas no ciclo menstrual e na pele ou até doenças, como a hiperplasia adrenal, que provoca excesso de hormônio masculino nas mulheres.
Entretanto, há cuidados a tomar nesse sentido, de acordo com a reumatologista Vera Lucia Szejnfeld, membro da Comissão de Osteoporose da Sociedade Brasileira de Reumatologia (SBR). “Os anticoncepcionais com derivados do hormônio progesterona podem causar perda de massa óssea em mulheres jovens porque mimetizam a ação do corticoide, que baixa a densidade óssea”, esclarece Vera. “É como se a mulher estivesse tomando cortisona”, sintetiza.
Os anticoncepcionais compostos de progesterona pura devem ser igualmente evitados, segundo a reumatologista. “Mas a presença desse tipo no mercado já não é mais tão comum como antes, embora eles ainda existam”, pondera. De qualquer forma, Vera lembra que há várias alternativas de anticoncepcionais sem progesterona à disposição, “por isso não é necessário lançar mão dos que têm esse hormônio”, sublinha.
A médica também diz que não corresponde à verdade a ideia de que mulheres com osteopenia (diminuição da massa óssea) ou osteoporose na pré-menopausa devem tomar anticoncepcionais para reposição hormonal: “Há a noção incorreta de que, nessa fase, a mulher perde proteção hormonal, mas isso não acontece porque ela ainda tem o hormônio natural na pré-menopausa”, explica. Portanto, usar anticoncepcionais não vai nem piorar nem melhorar nada, salienta.