O alto consumo de bebidas alcoólicas pode prejudicar o tecido ósseo, segundo informado em reportagem publicada pelo jornal Correio Braziliense. O texto refere-se a um estudo realizado pela Unifenas, em Alfenas (MG), que utilizou ratos como cobaias, e tem como destaque mostrar que o álcool, além de causar malefícios ao tecido ósseo, pode prejudicar a fase pós-implante dentário ou cirurgia ortopédica, tornando mais lenta a recuperação.
Comentando sobre o assunto, a coordenadora da Comissão de Osteoporose da SBR, a reumatologista Rosa Pereira, explica de início que prejuízos do álcool no tecido ósseo são já conhecidos e demonstrados em vários estudos anteriores feitos com humanos. Entretanto, salienta Rosa, tais prejuízos estão associados ao nível de consumo de álcool. Ela explica que esses estudos concluíram que tomar 3 ou mais unidades de bebida alcoólica por dia seria o nível que levaria a efeitos maléficos ao corpo como um todo, inclusive aos ossos.
Em relação ao que seriam essas 3 unidades de bebida alcoólica, Rosa explica que a unidade depende do quanto de álcool há em cada líquido consumido e essa unidade vai variar de bebida para bebida, já que a presença de álcool em cada uma também varia.
Para esclarecer melhor, Rosa fornece os seguintes dados:
• 1 lata de cerveja – 355 ml – corresponde a 1,5 unidade de álcool
• 1 copo de chope ou cerveja – 300 ml – 1 unidade
• 1 copo de vinho – 100 ml – 1 unidade
• 1 dose de destilado (como uísque, pinga, vodca) – 50 ml – 1,5 unidade.
Seriam então esses os parâmetros para medir o quanto de álcool está sendo consumido diariamente, explica Rosa.
Efeitos maléficos
O consumo de álcool além de 3 unidades por dia, diz Rosa, é prejudicial a qualquer indivíduo com relação a seu corpo como um todo. Mas falando especificamente sobre efeitos na estrutura óssea, ela explica que as doses maiores de álcool têm um efeito tóxico para a célula formadora do osso. “Além disso, a absorção do cálcio, pela alimentação, é prejudicada. E sabemos ainda que quem bebe muito todos os dias se alimenta mal e não irá consumir leites e derivados, importantes por conterem o cálcio que a estrutura óssea precisa.”
Quanto ao estudo feito pela Unifenas, Rosa acha importante destacar seus resultados quanto à ação direta do álcool nos implantes realizados. De fato, foi demonstrado que o risco de os implantes não serem aceitos, se há alto consumo de bebida alcoólica, é maior. No entanto esta avaliação em humanos é mais difícil de ser realizada, salienta. Por enquanto, ressalta, só podemos dizer que possivelmente o efeito do álcool no implante seja nos mesmos moldes causados ao osso.
Como recomendação geral, considerando o consumo de bebida alcoólica, Rosa diz que não se deve chegar nunca a 3 unidades por dia, que seria de fato prejudicial. “Em doses menores, sabemos que pode haver até algum benefício, como no aspecto cardíaco, em relação ao vinho, por exemplo.”
Jornalista responsável: Maria Teresa Marques