Doença autoimune atinge cerca de 5 milhões de pessoas em todo o mundo. No Brasil, estudo demonstrou incidência de 8,7 / 100.000 habitantes
São Paulo, maio de 2022_ O Dia Mundial do Lúpus, 10 de maio, é muito importante para a conscientização sobre o lúpus e a atenção para pessoa com lúpus. Trata-se de uma oportunidade para falar sobre o impacto biopsicossocial da doença nas pessoas com lúpus e seus familiares, debater acerca da necessidade de melhoria nos serviços de saúde para o diagnóstico e tratamento precoces, além de intensificar a discussão de estudos científicos sobre a sua real frequência, suas causas, tratamento e obter financiamento para melhor compreensão desta doença que atinge mais de cinco milhões de pessoas em todo o mundo.
Segundo o presidente da Sociedade Brasileira de Reumatologia, reumatologista Dr. Ricardo Xavier, estudo realizado na cidade de Natal, no Rio Grande do Norte no Brasil, mostrou incidência da doença de 8,7 / 100.000 habitantes, que atinge, não apenas, mas principalmente mulheres, entre 15 e 45 anos de idade. “Uma mulher em cada 1.700 brasileiras é portadora de Lúpus”, afirma ele.
São dois tipos principais de lúpus reconhecidos: o cutâneo, que se manifesta apenas na pele com manchas, geralmente avermelhadas principalmente nas áreas que ficam expostas ao sol, como rosto, orelhas, colo e braços; e o sistêmico, no qual, além da pele, um ou mais órgãos internos podem ser acometidos.
O Lúpus Eritematoso Sistêmico, conhecido pela sigla LES, é a forma sistêmica da doença que pode acometer múltiplos órgãos e sistemas. É uma doença reumática crônica de origem autoimune. Os sintomas podem surgir em diversos órgãos de forma lenta e progressiva variando entre fases de atividade e de remissão.
Por ser uma doença do sistema imunológico, o paciente pode ter diferentes sintomas em vários locais do corpo. Alguns são gerais como febre, fadiga, emagrecimento, perda de apetite, fraqueza e desânimo. Outros, no entanto, são mais específicos como dor nas articulações, manchas na pele, inflamação da pleura (camada que reveste os pulmões), aumento da pressão arterial ou doença nos rins, vasos sanguíneos (vasculite) e no sistema nervoso central ou periférico.
A doença já virou bordão da série Doctor House (“It is not lupus“) estampando camisetas e capas de celular e, também, assunto da novela Amor à Vida, da Rede Globo, em 2013. Conhecer casos de pessoas famosas com Lúpus, muitas vezes, ajuda a promover a conscientização sobre a doença e serve de alento para quem teve o diagnóstico recente, ou mesmo para os pacientes que a enfrentam já há algum tempo, servindo como forma de aceitação e fonte de informação para a busca de tratamento e melhor qualidade de vida. Celebridades como Lady Gaga, Kim Kardashian, Selena Gomez, as cantoras Paula Abdul e Toni Braxton, o cantor Seal, a jornalista Astrid Fontenelle e a cantora Tiê são algumas das personalidades que já falaram publicamente sobre suas experiências com a doença.
“O Lúpus não é contagioso e quando há suspeita clínica é recomendado que o paciente faça exames gerais, entre eles hemograma completo, exame de urina e alguns anticorpos”, afirma Dr. Ricardo Xavier. Em alguns casos, reforça ele, podem ser feitos também exames de imagem como radiografia, tomografia, ecocardiograma, ou mesmo análise dos tecidos, com biópsia da pele e do rim.
O tratamento indicado visa a diminuir a progressão do quadro, reduzir os sintomas e melhorar a qualidade de vida do paciente. Como se trata de uma doença crônica, não tem cura. “Mas há a possibilidade de um bom controle”, afirma o médico. “Com o uso de medicamentos adequados, o paciente tem uma vida praticamente normal”, completa.
Micofenolato de Mofetila
Em 11 de abril deste ano, a Anvisa notificou a indicação em bula para a terapia de indução e manutenção do Micofenolato de Mofetila na nefrite lúpica classes III, IV e V. “Trata-se de uma grande vitória para as pessoas com Lúpus no Brasil e para toda a sociedade. A partir de agora, será possível irmos em frente e discutir com as agências regulatórias a incorporação desta medicação no tratamento da doença e a sua disponibilização sem necessidade de ações judiciais para as pessoas com lúpus”, destaca o reumatologista Edgard Reis, coordenador da Comissão de Lupus Eritematoso da SBR.
Quando formalizada frente as agências regulatórias, esta medida terá grande impacto no tratamento das pessoas com Lúpus.
Sobre a Sociedade Brasileira de Reumatologia (SBR)
A Sociedade Brasileira de Reumatologia (SBR) é uma associação civil científica de direito privado, sem fins lucrativos, fundada em 15 de julho de 1949, na cidade do Rio de Janeiro, pelos médicos Herrera Ramos, Waldemar Bianchi, Pedro Nava, Israel Bonomo, Décio Olinto e outros, tendo mantido desde então sua tradição científica, acompanhando e promovendo o desenvolvimento da especialidade no Brasil e com um importante papel também internacional, especialmente entre os países da América Latina. Filiada à Associação Médica Brasileira, conta em torno de 2 mil associados, congrega 24 sociedades regionais estaduais, assessorias e comissões científicas e representações em associações nacionais e internacionais e junto ao Ministério da Saúde.